Por motivos técnicos redirecionamos o endereço do nosso blog para:
sexta-feira, 1 de junho de 2007
REDIRECIONAMENTO
Por motivos técnicos redirecionamos o endereço do nosso blog para:
Antônio Celso dos Santos
Celso, há 11 anos o homem à frente do Florianópolis Audiovisual Mercosul
Antonio Celso dos Santos: O FAM surge como um sonho, de uma possibilidade fantástica de unificação do Mercosul. Atualmente somos poucos dentro do Mercosul, a idéia de unificação, de conhecer culturas diferenciadas e suas singularidades foi o que nos moveu no início. O que estava na base, lá em 97, era trazer para SC uma visão estruturante para unificar as produtoras de comerciais, dar a essa produtoras uma perspectiva de sindicato que hoje se consolidou com o Santacine. Isto está lá no primeiro encontro. A idéia básica era: temos produtoras isoladas disputando umas com as outras visceralmente. Essas produtoras demandam vários profissionais. A nossa questão era fazer o sindicato.
E o grande mote deste ano é que iniciamos uma década nova, dando oportunidade pra mais gente ver cinema e ao mesmo tempo entender os mecanismos pelos quais nós não vemos nós mesmos.
ACS: O FAM tem uma coisa muito bonita: ele tem esse lado político, que você vê a todo instante o crescimento do movimento em SC com o ingresso dos estudantes de cinema que vêm trabalhar no audiovisual e você tem esse crescimento não somente exponencial, mas em qualidade. O próprio governo federal admite que a partir de várias discussões acumuladas durante o FAM surgem alguns organismos multinacionais como a RECAM, a Reunião Especializada de de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul . A gente tem a virtude de estar na história no momento certo, necessário. O selo Mercosul está aí disponível. E coisas mais pueris, como no ano passado, um rapaz chegou, veio me cumprimentar, estava com a namorada, perguntei a idade dele, tinha 22 anos e veio me dizer que foi aqui no FAM que aprendeu a gostar de cinema. Então pra nós é um orgulho que exista a possibilidade de um cinema que não seja apenas o mesmo. Citando Gustavo Dahl que esteve aqui no FAM várias vezes: “Isto é o seqüestro do código narrativo. Querer mais do mesmo sempre.” Os filmes que são exibidos no FAM são diferentes, pretendem um outro olhar sobre a realidade, com outros ritmos e estéticas. E ao mesmo tempo, o FAM também é a estrutura da política , onde também se conversa em qual sala este filme vai ser exibido, quantas pessoas poderão ver este filme. Penso que para a cidade, o FAM representa um ganho fenomenal em 11 anos. Um espaço permanentemente , democrático, aberto e gratuito.
ACS: O FAM este ano, no aspecto político, de articulação, eu pensei na possibilidade de encontro de todos com todos. As agendas são abertas, quem tiver projeto põe o projeto, quem tiver qualidade , mostra qualidade. O movimento cineclubista é histórico no país, é uma grande estrutura onde quem não conseguia espaço dentro do circuito comercial, dispunha do circuito dos cineclubes. Você pensar que seu limite hoje está circunscrito a duas mil e tantas salas, 1500 estão ocupadas pelo Homem-Aranha 3 e Piratas do Caribe 3, na prática sobram 500 salas para todo o resto do mundo. Dentro disso, o cineclube é uma estrutura muito importante. E a reativação do cineclube hoje é porque ele está mais perto da comunidade, que escolhe sua programação. Dentro do FAM, discussões sobre o cineclubismo, a mostra Revelando Brasis, a participação da Programadora Brasil, isso tudo para dar acesso à visão da cultura de uma forma grandiosa. E o mais importante é que não seja chato, que seja agradável.
ACS: Há algo fantástico na trajetória do FAM. No décimo primeiro ano do FAM, ele foi incluido no programa de continuidade da Petrobrás. Isto é muito importante e para a área cultural catarinense, um fato que deveria ser motivo de orgulho. É o reconhecimento pela qualidade do que fazemos. O Governo Federal sempre nos apoiou. O Governo Estadual tem suas disputas internas que acabam inviabilizando determinados apoios em termos financeiros. Mas nós ocupamos as dependências do Governo Estadual, o CIC. Logo isto é uma forma de contribuição. Mas não é o que queremos totalmente. A relação pode ser melhor se os projetos forem aprovados com mais tempo, para que possamos trabalhar com mais mobilidade, possibilidades de acharmos parceiros. Mas a saia está justa. Eles precisam saber que o Mercado Audiovisual é estruturado. Hoje a felicidade que eu tenho, já há alguns anos, é ver que existe o Santacine, que existe uma filmcomission, que lá atrás já era pauta do FAM. O FAM sempre foi o espaço disponível para a articulação, o FAM conseguiu inserir nós catarinenses no mapa do cinema latino-americano.
Como o FAM se viabiliza? Quanto tempo é gasto para a formulação de cada edição?
ACS: O FAM nasce e se desenvolve como um projeto de amizade. Eu particularmente trabalho 14 meses em 12, e não ganho décimo quinto. É um trabalho extenuante, herculeo e tenho certeza que eu faço isso porque tenho horizonte. Morrer na praia não dá. É muito difícil você ter um diálogo que pudesse ser em tempo com aqueles que de fato decidem. Só tapinha nas costas não dá. É necessário ter um planejamento muito grande e eu trabalho nisso. Nós estamos agora na décima primeira edição. Eu já estou na décima segunda, planejando o 2008. Só gostaria que o Estado tivesse uma certa agilidade nos seus processos internos, dos quais eu desconheço, para que dentro do ICMS, fosse aprovado em tempo para que eu pudesse constituir os meus parceiros. E da parte do município, que a prefeitura pudesse reconhecer o Funcine como interlocutor para o FAM.
quinta-feira, 31 de maio de 2007
Cinema e pipoca
O feriado de quinta-feira (dia 7) encerra a programação infanto-juvenil com a animação Brichos, de Paulo Munhoz, aberto à toda comunidade.
Mostra infanto-juvenil do FAM 2007
Teatro Ademir Rosa - CIC
Sábado (dia02) e Domingo (dia 03): 10 h
Segunda(dia04): 9h e 14h
Terça(dia 05): 9h
Quarta (dia 06): 9h e 14h
Quinta (dia 07): o longa-metragem Brichos, de Paulo Munhoz - 10 h
quarta-feira, 30 de maio de 2007
O universo dos motoboys em Os 12 Trabalhos
Héracles é o motoqueiro que precisa cumprir 12 tarefas em um dia para arranjar o emprego de motoboy.
Para quem não vive em São Paulo é difícil imaginar que, na engrenagem da cidade, estejam centenas de milhares de motoboys. E, para quem mora na capital paulista, é praticamente inconcebível imaginar a entrega de documentos, correspondências e quaisquer materiais que não por motoqueiros.
São eles que percorrem a cidade de ponta a ponta, numa velocidade incomparavelmente maior que a atingida pelos carros, presos em enormes congestionamentos. Nos últimos anos, houve uma verdadeira explosão desse mercado.
Segundo depoimento do ex-Secretário de Transportes de São Paulo, Carlos Zaratini, apresentado no documentário Motoboys – Vida Loca, de Caíto Ortiz, “o motoboy é um aperfeiçoamento do boy”. Já para Roberto Scaringella, fundador e atual presidente da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), “o que está acontecendo é que nós estamos improvisando esse profissional de uma maneira precária”. E ele explica: uma pessoa sem emprego compra uma moto bem velha, tira a habilitação e, para ganhar mais, precisa percorrer em menos tempo a maior distância possível. Para isso, é preciso se arriscar quase que o tempo todo.
Ricardo Elias se inspira no mito grego de Hércules para falar da juventude brasileira no grandes centros urbanos.
Em Os 12 Trabalhos, Ricardo Elias conta a história de Héracles, um jovem negro da periferia que, para superar o passado que o desfavorece, terá de realizar 12 tarefas ao longo de um dia para conseguir um emprego como motoboy. Aparentemente frágil e dono de uma sensibilidade nem sempre compreendida por seus colegas, o rapaz irá se deparar com a intolerância, a injustiça, o desejo e a tentação em situações próprias de uma metrópole como São Paulo. Uma releitura contemporânea do mito de Hércules, que traça um panorama da vida nas grandes cidades e ressalta o esforço e a luta de uma juventude sem muitas perspectivas.
Os motoboys de São Paulo se organizam no Sindicato dos Trabalhadores Motociclistas da Cidade de São Paulo. Quer saber mais sobre a classe? http://www.motoboy.org.br/
Os 12 Trabalhos, de Ricardo Elias (Brasil, ficção, 90 ')
Mostra de Longas Mercosul
Teatro Ademir Rosa - CIC
Dia 08 de junho
19 h
terça-feira, 29 de maio de 2007
A transformação através das letras
Obdulio encontra a beleza das coisas através das palavras.
“Não queria dar ao filme um tratamento equivocado, oferecendo apenas um retrato duro e amargo sobre as condições em que vivem Obdulio e outras milhões de crianças do Terceiro Mundo. Muitos filmes latino-americanos já tocaram nesse tema de uma forma que eu jamais poderia superar. Não me interessava falar em A Dios Momo somente da dramática situação econômica e social que envolve Obdulio. Queria acrescentar à sua história um componente que, de alguma forma, pudesse ser interpretado como um sinal de esperança e otimismo. E a melhor forma que encontrei foi introduzindo os elementos mágicos e espirituais que acabam por afetar positivamente sua vida. Eu espero que as crianças que assistam A Dios Momo entendam que no mundo que nos foi reservado viver, além da violência e do crime, existe também o amor pelas palavras, os livros e o conhecimento.”O diretor Leonardo Ricardi em entrevista ao periódico mexicano La Opinión.
segunda-feira, 28 de maio de 2007
Cineclubismo em debate
Já na segunda década do século passado, a insatisfação com os modelos rígidos estabelecidos pela indústria cinematográfica, a decepção com a submissão dos realizadores às regras dos estúdios, a revolta com a censura, e a preocupação com a afirmação de cinemas nacionais que retratassem outras culturas e modos de vida, levou muita gente, em todo o mundo, a procurar alternativas.
Nessa perspectiva, os cineclubes brasileiros sempre tiveram importância decisiva na afirmação de uma cinematografia brasileira autônoma e na difusão de olhares múltiplos. Sobrevivendo às crises, à ditadura e ao sufocamento causado pelos mercados hegemônicos, a história do cineclubismo brasileiro é uma história de resistência.
Desde a década de 50 do século passado, existem registros da atividade cineclubista em Santa Catarina. Hoje, em Florianópolis, os diversos cineclubes atuantes vivem um momento de organização que acompanha a crescente revitalização do movimento cineclubista. Seus representantes se reúnem durante o FAM 2007 em dois encontros que visam o planejamento de ações conjuntas para o fortalecimento do movimento.
Nos anos 80, O Homem que Virou Suco, de João Batista de Andrade, é lançado simultaneamente no circuito comercial pela Embrafilme e nos cineclubes de bairro pela Dinafilme, histórica distribuidora ligada ao cineclubismo.
Os cineclubes de Florianópolis têm características que marcam a diversidade de suas propostas:
O Cineclube Rogério Sganzerla, vinculado ao recém criado Curso de Cinema da UFSC, concentra-se em exibir clássicos do cinema mundial e brasileiro, discutí-los e produzir análises disponíveis no http://www.cineclube.ufsc.br/ . O Sopão de Filmes exibe curtas de produção alternativa regados à sopa e alegria no ambiente descontraído do Pomar das Artes, na Agronômica. O Cineclube Plasticine produz regularmente sessões temáticas na FAED, UDESC ou UFSC e divulga sua programação diversificada no http://plasticineclube.blogspot.com/ . O Cineclube Sol Da Terra promove mostras e ciclos na sala de cinema do Espaço Sol da Terra na Lagoa da Conceição.
Encontros de Cineclubistas de Florianópolis no FAM 2007
Dia 05 de junho às 14 h
Sala Multimídia do MIS, no CIC
Exibição do filme Conceição - Autor Bom é Autor Morto, de Daniel Caetano, com a presença do diretor, e debate sobre cineclubismo com Caio Cesaro, da Programadora Brasil.
Dia 08 de junho às 09 h
Cinema Nossa Senhora do Desterro, no CIC
Santiago: reflexões sobre o material bruto
O mordomo Santiago sob o rigor da filmagem de Moreira Salles.
Em 1993, João Moreira Salles teve a idéia de filmar o mordomo que trabalhou na casa de sua família durante 30 anos. O diretor, que ainda não era um dos mais conhecidos documentaristas nacionais, chamou uma amiga para ajudá-lo nas entrevistas, o fotógrafo Walter Carvalho e foram todos ao apartamento de Santiago, que já não trabalhava mais na mansão da família na Gávea, hoje Instituto Moreira Salles.
Em cinco dias de filmagem, Moreira Salles captou mais de 9 horas de material. O argentino Santiago é um personagem e tanto, um homem culto e sensível que dedicou a maior parte da sua vida a cuidar com afinco da família Moreira Salles e ao trabalho incansável de transcrever documentos da aristocracia brasileira. Na época com quase 80 anos submeteu-se inteiramente ao domínio da direção. Durante os encontros Moreira Salles filmou do jeito que quis, construindo marcações precisas com seu personagem e tentando obter as respostas que esperava. Os enquadramentos de Walter Carvalho remetiam a Yasujiro Ozu e o Preto & Branco da fotografia dava um tom denso às narrativas de Santiago.
No entanto, mesmo filmado com tal preciosismo, algo saiu errado e o material bruto de Santiago permaneceu intocado por 13 anos.
Em 2005, Moreira Salles debruçou-se sobre este material ao lado dos editores Eduardo Escorel e Lívia Serpa. O resultado é um olhar novo e implacável sobre o ofício de documentarista. Sincero, Salles evidencia a distância que manteve do personagem durante os dias de filmagem, a imposição de suas idéias estéticas, aquilo que não entendeu, o que lhe escapou no momento do encontro. Ao voltar ao material bruto, o que veio à tona depois de tantos anos foi o que realmente importava. De certa forma tarde demais, pois Santiago morreu logo após as filmagens e aquelas imagens não podem ser mudadas. Mas dessa sensação inevitável surge o que Santiago - Reflexão Sobre o Material Bruto tem de novo: uma reflexão sobre o tempo, que segundo o próprio mordomo Santiago "não tem consideração".
O material bruto revelou sua força 13 anos depois das filmagens.
A Associação Cultural Cinemateca Catarinense - ABD/SC lançará em Santa Catarina no dia 30 de maio o último documentário de João Moreira Salles. A exibição acontecerá no cinema do CIC, às 19 hs. Antes da exibição haverá um bate- papo com o cineasta. Salles aproveitará a vinda para a cidade para promover também a Revista Piauí, na qual é editor.
Santiago – Reflexões Sobre o Material Bruto
Documentário de João Moreira Salles
30 de maio – 19 h.
Cinema do CIC
Antes, às 15:30
Palestra de João Moreira Salles sobre o projeto editorial da revista Piauí
Auditório do Centro de Comunicação e Expressão - CCE (UFSC)
domingo, 27 de maio de 2007
Hércules 56
No dia 02 de junho, a Mostra Extra-FAM exibe Hércules 56. Após a sessão o diretor Sílvio Da-Rin participa de debate mediado por Iur Gomez no MIS, com a participação de militantes da época como a professora da UFSC Derlei De Luca e do professor Fernando Pontes.
O trailer de Hércules 56 no YouTube:
02 de junho - Sábado
14h: Mostra Extra-FAM
Local: Teatro Ademir Rosa, no CIC
15h30min: debate com o diretor
Local: Sala Multimídia do MIS, no CIC